A Jornada Discurso, Gênero e Sociedade é resultado de um convênio entre o Grupo Mulheres em Discurso e o Centro de Pesquisa PoEHMaS (Unicamp) com a Université Paris 13 Pléiade. Trata-se de um Seminário Binacional de Formação e Pesquisa, em que pesquisadores do Brasil e da França entrarão em diálogo, estreitando as fronteiras e abrindo caminhos possíveis.

Dias 9 e 10 de Novembro no Auditório o IEL

Inscrições e credenciamento no local do evento

Inscrições com certificado:

Valor: R$ 10,00

Transmissão on-line: http://www.facebook.com.br/poehmas

 

Dia 9/11 (Quinta) – Programação:

9h Credenciamento

10h DISCURSO E SEXO
Noémie Marignier (Paris 13)
Lauro Baldini (UNICAMP)

14h DISCURSOS, INTERDIÇÕES E REPRODUÇÕES DE GÊNERO
Raquel Noronha (UNICAMP), Maria Fernanda Moreira (UNICAMP),
Gabriella Hollas (UNICAMP), Natalia Pimonova (Paris 13)

16h CONHECIMENTO E MILITÂNCIA
Sóstenes Ericson (UFAL), Ana Josefina Ferrari (UFPR), Beatriz Bagagli (UNICAMP)

Dia 10/11 (Sexta) – Programação:

9h Credenciamento

10h DISCURSO E GÊNERO
Stephanie Pahud (UNIL, Suiça)
Monica G. Zoppi Fontana (UNICAMP) e Sheila Elias de Oliveira (UNICAMP)

14h ESCRITAS E ESTÉTICAS
Tyara Veriato Chaves (UNICAMP), Karine Medeiros (UNICAMP),
Lais Medeiros (UNICAMP), Yagos Koliopanos (Paris 13)

 

PROGRAMAÇÃO DETALHADA (confira os resumos!)

10h DISCURSO E SEXO

Noémie Marignier (Paris 13)

Etudier les discours sur le sexe depuis l’analyse du discours et les études de genre : perspectives croisées

Dans cette communication, je mènerai une analyse des discours concernant les sexes atypiques (ou intersexuation). Je présenterai tout d’abord mon ancrage théorique. En effet, je m’inscris dans la continuité de l’analyse de discours dite “française”, en faisant dialoguer la théorie du discours avec les études de genre. Je montrerai l’articulation que j’effectue entre les concepts d’idéologie et d’interpellation de genre et la pensée des formations discursives. Je présenterai ensuite l’analyse d’une formation discursive que j’ai exhibée dans mon travail de thèse : la formation discursive de sexe-genre-sexualité médico-éducative. Je montrerai comment celle-ci produit l’évidence de la binarité des sexes et de l’hétérosexualité à l’aide d’analyse sémantico-discursives. Je m’appuierai pour cela sur un corpus d’articles médicaux concernant le traitement des enfants intersexes.

Estudar os discursos sobre o sexo em análise do discurso e em estudos de gênero : perspectivas cruzadas

Na minha apresentação, eu farei uma análise dos discursos sobre os sexos atípicos (intersexualidade). Primeiro, apresentarei o meu quadro teórico. Farei isto na continuidade da analise do discurso de Pêcheux, colocando em diálogo a teoria do discurso pechêuxtiana com os estudos do gênero. Mostrarei a minha articulação entre o conceito de ideologia de gênero e de interpelação de gênero e o conceito de formações discursivas. Depois, apresentarei uma dos formações discursivas o que eu mostrei na minha tese : a formação discursiva de sexo-gênero-sexualidade médico-educacional. Nesta formação, a evidência do binarismo dos sexos e da heterossexualidade é produzida : demostrarei isso usando análises semânticas. Para tanto, me basearei em um corpus de artigos médicos sobre o tratamento das crianças intersexuais.

Lauro Baldini (UNICAMP)

A análise de discurso entre os estudos de gênero e a psicanálise

Atualmente, muitos analistas de discurso se sentem interrogados por questões que não estavam postas (ou não estavam postas como hoje, ou não estavam postas como estão sendo no Brasil e na América Latina em particular) na época em que Pêcheux produzia seus deslocamentos na construção desse objeto teórico incerto chamado discurso. Nessa direção, nosso trabalho consiste em tentar apreender os pontos de relação e de ruptura entre os Estudos de Gênero e a Psicanálise e, ao mesmo tempo, apreender em que medida tais pontos interessam à perspectiva discursiva em sua compreensão do funcionamento da língua em sua relação com a história e o inconsciente.

Analyse de discour entre les études de genre et la psychanalyse

De nombreux analystes du discours s’interrogent à présent à propos de questions qui n’ont pas été posées (ou n’étaient pas posées telles qu’elles le sont aujourd’hui, ou n’ont pas été définies comme elles le sont au Brésil et en Amérique latine notamment) au moment où Pêcheux a produit ses déplacements dans la construction de cet objet théorique incertain appelé discours. Dans cette perspective, notre travail consiste à essayer de saisir les points de convergence et de rupture entre les études de genre et la psychanalyse et, en même temps, de comprendre dans quelle mesure ces points sont pertinents pour la perspective discursive, en ce qui concerne sa compréhension du fonctionnement de la langue dans sa relation avec l’histoire et l’inconscient


 

MESA – 14h DISCURSOS, INTERDIÇÕES E REPRODUÇÕES DE GÊNERO

Raquel Noronha (UNICAMP): Gênero: palavra proibida ou tendência/ Genre: mot interdit ou tendance

Gabriella Hollas (UNICAMP): As imposições sobre o corpo da mulher: do sunquíni ao burquini. Les impositions sur le corps de la femme: du sunkini au burkini.

Maria Fernanda Moreira (UNICAMP): Violências e resistências: produtividade da categoria gênero para pensar diferentes interdições na prostituição sudeste brasileira / Violence et résistance: la productivité de la catégorie de genre pour réfléchir les différentes interdictions de la prostitution dans le sud-est du Brésil.

Natalia Pimonova (Paris 13):Relações sociais nas canções francesas contemporâneas/ La mise en discours de relations sociales dans les chansons françaises contemporaines

RESUMO: Nós propomos a reflexão sobre as interdições no discurso, sobretudo no que diz respeito ao gênero. Abordaremos a questão sob diferentes perspectivas. O trabalho de Raquel Noronha estabelece uma comparação entre dois projetos de lei que visam interditar que se fale de gênero nas escolas no Brasil, e as questões de igualdade de gênero fortemente postas em circulação atualmente pelo discurso empresarial. Gabriella Hollas propõe uma reflexão sobre as roupas da mulheres na França e no Brasil. Ela compara a utilização e interdição do burkini na França e a obrigação do sunkini nos esportes de praia no Brasil. Maria Fernanda desenvolve diferenciações da prostituição feminina e masculina no contexto brasileiro e explora a produtividade da categoria gênero para se pensar diferentes interdições, diferentes dinâmicas e processos significativos nas violências e nas resistências. Natalia Pimonova trabalha com canções pop nas versões escrita e visual (através dos clipes). Ela desenvolve como as canções pop (comerciais) propõem um modelo de relação amorosa

RESUMÉ: Nous proposons de penser les interdictions dans le discours, en particulier au niveau du genre. Nous ferons cela en abordant différentes questions. Raquel Noronha parlera de deux projets de loi, dont le but est d’interdire de parler du genre à l’école au Brésil. Elle comparera cette interdiction à la question d’égalité de genre posée dans le domaine du travail. Gabriella Hollas proposera une réflexion sur les vêtements des femmes en France et au Brésil. Elle abordera l´utilisation et l’interdiction du burkini en France et l´obligation du sunkini pour les sports de plage au Brésil. Maria Fernanda développera des différenciations de la prostitution féminine et masculine dans le contexte brésilien et explorera la productivité de la catégorie de genre afin de penser les différentes interdictions, dynamiques et processus significatifs de la violence et la résistance. Natalia Pimonova travaillera avec des chansons pop dans les versions écrites et visuelles (à travers les clips). Elle développera comment les chansons pop (publicités) proposent un modèle de relation amoureuse


MESA – 16h CONHECIMENTO E MILITÂNCIA

Sóstenes Ericson (UFAL): Vai limpar bosta de bunda suja SIM!”: ofensiva do corporativismo médico, resistência das enfermeiras e efeitos de sentido/Va nettoyer la merde du cul sale OUI!”: offensive du corporatisme médical, résistance des infirmières et effets de sens

Ana Josefina Ferrari (UFPR): Relações de/entre comunidade e Universidade: o silêncio e as práticas de resistência em comunidades quilombolas e negras./ Relations de/entre communauté et université: le silence et pratiques de résistance dans les communautés quilombolas et noires.

Beatriz Bagagli (UNICAMP): Desenvolvimento de teorias feministas materialistas a partir da polêmica entre transfeministas e feministas radicais/ Développement de théories féministe matérialiste à partir de la polémique entre transféministes et féministes extrêmes

RESUMO: A proposta desta Mesa consiste em apresentar uma contribuição sobre a relação entre produção do conhecimento e militância. O trabalho de Beatriz Pagliarini Bagagli propõe apresentar questões levantadas a partir de polêmicas entre transfeministas e feministas radicais como uma questão teórica. Para tanto, traz as observações de Louis Althusser acerca da teoria como um sistema de pensamento a partir da mobilização do conceito de corte epistemológico. Beatriz procura refletir se o espaço de polêmica entre estas teorias feministas é capaz de delimitar uma problemática que diz respeito à constituição e desenvolvimento de uma teoria feminista materialista. A abordagem feita por Ana Josefina Ferrari se volta para as relações de/entre comunidade e Universidade. A partir da análise de materialidades produzidas por e para comunidades quilombolas e negras, Ana Ferrari procura problematizar o que faz a Universidade em relação às comunidades tradicionais; qual é o posicionamento acadêmico perante elas e onde fica ou onde começa a militância. Os fundamentos e contornos das questões suscitadas apontam para um percurso pedregoso e se deparam com o silêncio, que as práticas de resistência tentam romper, fazendo ressoar as muitas vozes do caminho. Interessado na formação e atuação das enfermeiras no Brasil, Sóstenes Ericson toma como acontecimento discursivo uma Liminar da Justiça do Distrito Federal, que restringiu as atividades das enfermeiras no país. A partir de materialidades que circularam nas redes sociais, Sóstenes põe em relevo as tensões entre as áreas de Medicina e Enfermagem, para, a partir delas, pensar, numa perspectiva de gênero, a relação entre ofensiva e resistência, dando especial atenção aos efeitos de sentido.

RESUMÉ: Le but de notre présentation est de contribuer à la réflexion sur la relation entre la production de connaissances et le militantisme. Le travail de Beatriz Pagliarini Bagagli  présentera des questions théoriques sur les polémiques entre transféministes et féministes radicales. Beatriz se demandera si l’espace de controverse entre ces théories féministes peut permettre de délimiter une problématique qui concernerait la constitution et le développement d’une théorie féministe matérialiste. Ana Josefina Ferrari se concentrera sur les relations entre la communauté et l’Université. À partir de l’analyse des matérialités produites par et pour les communautés quilombolas et noires, Ana Ferrari cherchera à problématiser ce que l’Université entreprend par rapport aux communautés traditionnelles; quelle est la position académique par rapport à celles-ci et où commence le militantisme ? Intéressé par la formation et la performance des infirmières au Brésil, Sóstenes Ericson prendra comme événement discursif une injonction de la Justice du District fédéral restreignant les activités des infirmières dans le pays. Sóstenes soulignera les tensions entre le domaine de la médecine et les infirmier-es, afin de penser la relation entre l’offense et la résistance dans la perspective du genre, en accordant une attention particulière aux effets de sens.


Dia 10/11 (Sexta) – Resumos

10h DISCURSO E GÊNERO

Stephanie Pahud (UNIL, Suiça)

Circulations discursives des normes de sexe/genre

Esse trabalho se inscreve na análise textual do discurso, uma abordagem definida por Adam como “um subdomínio no campo maior da análise das práticas discursivas” (Adam, Jean-Michel, Linguística Textual: Introdução à Análise discursos textuais, 3ª edição, Paris, Armand Colin, 2001, p.31) e desenvolvido por pesquisadores da Unidade de Lingüística Francesa da Universidade de Lausanne.

Os discursos oferecem interpretações do sistema de gênero em vigor em nossa sociedade e, ao colocá-lo em palavras e imagens, tornam visíveis/lisíveis ​​seus fundamentos: eles definem, de forma mais ou menos explícita e mais ou menos deliberada, o que é uma “mulher real” ou “homem real”, o que é uma mulher “normal” ou um homem “normal”. Vou tentar descrever mecanismos de estereotipagem como a enunciação doxal, a modalidade veridictiva ou o uso do campo semântico do natural.
Finalmente, analiso mecanismos de desestabilização de identidades de sexo e de gênero e argumento que, do meu ponto de vista como linguista, resistir ao peso da normalização sexo/gênero não é “deixar-se dizer e fazer” pelas palavras e imagens, mas se apropriar criativamente das normas, o que só pode acontecer por meio de uma re-leitura de sua complexidade.

Circulations discursives des normes de sexe/genre

Cette présentation s’inscrira dans l’analyse textuelle des discours, approche définie par Adam comme « un sous-domaine du champ plus vaste de l’analyse des pratiques discursives » (Adam Jean-Michel, La linguistique textuelle. Introduction à l’analyse textuelle des discours, 3e édition, Paris, Armand Colin, 2001, p.31) et développée par les chercheurs de l’unité de linguistique française de l’Université de Lausanne.

Les discours proposent des interprétations du système de genre en place dans notre société, et, en le mettant en mots et en images, en rend les fondements vi-lisibles : ils définissent ainsi notamment, plus ou moins explicitement et plus ou moins délibérément, ce qu’est une « vraie femme » ou un « vrai homme », ce en quoi consiste une femme « normale » ou un homme « normal ». Je m’attacherai à décrire des mécanismes de stéréotypage comme l’énonciation endoxale, la modalité véridictoire ou le recours au champ sémantique du naturel.

J’aborderai pour terminer des mécanismes de déstabilisation des identités de sexe et de genre et j’argumenterai que de mon point de vue de linguiste, résister au poids de la normalisation sexe/genre, c’est ne plus « se laisser dire et faire » par les mots et les images mais se réapproprier créativement les normes, cela ne pouvant passer dans un premier temps que par leur relecture dans leur complexité.

 

Monica G. Zoppi Fontana (UNICAMP) e Sheila Elias de Oliveira (UNICAMP)

O lugar e a fala do homem nos movimentos feministas nas redes sociais.

A presença de homens em manifestações feministas urbanas é comum. Esta presença é divulgada pela mídia e especialmente pela circulação de fotos e postagens nas redes sociais. Diversos blogs e comunidades Facebook, cujos autores se identificam como homens feministas / pro-feministas, se multiplicam e produzem efeitos polêmicos. A controvérsia está centrada na legitimidade política da militância feminista pelos homens. O nosso trabalho aborda essa questão tomando a linguagem como objeto de análise. Do ponto de vista teórico, propomos examinar a relação constitutiva entre argumentação e enunciação, analisando os efeitos de sentido produzidos pela retomada de argumentos feministas pelos homens e as operações argumentativas mobilizadas para legitimar sua posição enunciativa, face ao ataque de certos setores feministas e à incompreensão, e inclusive o desprezo, por parte de homens que se auto-identificam como “homens de verdade” e machistas.

A adjetivação e a predicação são índices que nos permitem compreender as implicações desse confronto e descrever as diferentes posições ocupadas pelos militantes. O corpus é composto de enunciados (verbais e imagéticos) que circulam na blogosfera ativista e nas comunidades feministas e pro-feministas nas redes sociais.

La place et la parole des hommes dans les mouvements féministes sur les réseaux sociaux.

La présence d’hommes dans les manifestations féministes urbaines est fréquente. Cette présence est diffusée par les médias et surtout par la circulation des photos et de posts dans les réseaux sociaux. Des blogs dont les auteurs s’identifient comme hommes féministes/pro-féminisme se multiplient et produisent des effets polémiques sur les blogs féministes. La controverse est centrée sur la légitimité politique de la militance féministe par des hommes. Notre travail porte sur ce sujet une approche originale qui prend le langage comme objet d’analyse. Du point de vue théorique, nous nous proposons à examiner le rapport constitutif entre argumentation et énonciation, en analysant les effets de sens produits par la reprise des arguments féministes par des hommes et les opérations argumentatives mises en scène pour légitimer leur position énonciative face à l’attaque de certains secteurs du féminisme et à l’incompréhension, voir mépris, de la part des hommes qui s’identifient comme « vrais hommes » et  machistes.

L’adjectivation et la prédication sont des indices qui nous aident à comprendre les enjeux de cette confrontation et à décrire les différentes positions occupées par les militants. Le corpus est composé d’énoncés (verbaux et verbo-iconiques) qui circulent dans la blogosphère militante et dans les communautés féministes et pro-féministes des réseaux.


MESA – 14h ESCRITAS E ESTÉTICAS

Tyara Veriato Chaves (UNICAMP) e Karine Medeiros (UNICAMP): (Est)éticas do sexual no campo do discurso/ L’esthétique du sexuel dans le champ du discours

Lais Medeiros (UNICAMP): Quarto de despejo não é literatura? Gênero e memória na análise de uma crítica/ Le Dépotoir n’est pas littérature? Genre et mémoire dans l’analyse d’une critique

Yagos Koliopanos (Paris 13): O discurso da “sexpericia” na obra de duas autoras/trabalhadoras do sexo: um desafio estético e político/ Le discours de la “sextrise” dans l’oeuvre des deux auteures/travailleuses du sexe: un défi esthétique et politique

RESUMO: Tomando como ponto de partida as relações intricadas entre literatura, arte e política, propomos uma discussão sobre os efeitos de escritas e estéticas em torno do gênero e da sexualidade. Neste sentido, Tyara Veriato Chaves e Karine de Medeiros Ribeiro se perguntam pelos desafios que o erótico coloca para o campo do discurso, indo de encontro a materialidades estéticas verbais e visuais que colocam em jogo um efeito de disjunção entre o alto e o baixo. Laís Medeiros analisa como memória e gênero produzem efeitos de sentido excludentes sobre a obra da escritora Carolina Maria de Jesus numa situação pontual de homenagem. Yagos traz a questão da “sexpericia” das autoras/trabalhadoras do sexo como discurso que constitui potencialmente um desafio múltiplo para a pesquisa sobre o gênero e a sexualidade.

RESUMÉ: En prenant comme point de départ les relations intriquées entre littérature, art et politique, nous proposons une discussion sur les effets des écritures et esthétique autour du genre et de la sexualité. En ce sens, Tyara Veriato Chaves et Karine de Medeiros Ribeiro se demandent sur les défis que l’érotique pose au champ du discours, en rejoignant les matérialités esthétiques verbales et visuelles qui mettent en jeu un effet de disjonction entre le haut et le bas. Laís Medeiros analyse comment mémoire et genre produisent des effets de sens d’exclusion sur l’oeuvre de l’écrivaine Carolina Maria de Jesus dans une situation spécifique d’hommage. Yagos apporte la question de la “sexpertise” des auteures/travailleuses du sexe comme discours qui constitue potentiellement un défi multiple pour la recherche sur le genre et la sexualité.

 

Jornada Mulheres em Discurso

Publicado: maio 10, 2017 por tyaraveriato em Mulheres em Discurso

De 1 a 3 de Junho de 2017 no IEL/Unicamp

A Jornada Mulheres em Discurso foi fruto de um trabalho desenvolvido desde 2013 por um grupo de pesquisador@s empenhad@s em compreender a relação entre línguas, memórias, história, sexualidade, gênero, raça, classe e etnia, entre outras determinações, na constituição da subjetividade contemporânea.  Confira a programação!

Os vídeos de todas as mesas redondas estão disponíveis no canal YouTube do Centro de Pesquisa POEHMAS . Clique e assista

POEHMAS canal YOUTUBE

 


PROGRAMAÇÃO:

Quinta-feira- 1/06 – Auditório do IEL

9h –  Credenciamento

9h45 – Abertura da Jornada

10h às 12h – Mesa “Mulheres, Discurso e Resistência” 

Sóstenes Ericson UFAL; IEL/Unicamp, Aline Fernandes de Azevedo (FFCLRP/USP – El@dis), Ana Josefina Ferrari (UFPR), e Ana Rolim (UECE – FCM-Unicamp).

12h às 13h30 – Almoço e espaço aberto para intervenções dos coletivos que trabalham com questões de gênero.

Leia o resto deste post »

Você marcha, Maria. Maria, para onde?

Publicado: dezembro 10, 2015 por tyaraveriato em Análise do Discurso, Feminismo, Gênero

AmericanaemItália1 alta Ruth Orkin, American Girl in Italy, 1951

No verbo ‘olhar’, as fronteiras do ativo e do passivo não são nítidas.

Roland Barthes – Dentro dos olhos.

American Girl in Italy faz parte de uma série de imagens da Fotógrafa Ruth Orkin em parceria com a artista Jinx Gawked. No site oficial de Orkin[1] há uma pequena narrativa sobre o ensaio fotográfico realizado durante uma viagem pela Europa, em que elas se conheceram e conversaram sobre as dificuldades de mulheres jovens e solteiras viajarem sozinhas. Encontro que resultou na ideia de flanar pelas ruas de Florença, pedindo informações, sentando em cafés, admirando a estatuaria italiana, enfim, andar por aí, fotografando tais instantes e eis que surge o flagrante que se tornou a famosa imagem da Garota Americana que passa em uma calçada repleta de homens e se torna a atração do momento, a presença feminina que literalmente ‘vira o pescoço’ de todos que ali estavam olhando sem saber que também eram olhados pelo dispositivo fotográfico e o quanto ainda o seriam ao longo da História. Como disse Barthes, “[…] à força de olhar, talvez nos esqueçamos de que também somos olhados […]” (1982: 278).

Olhada também fui por esta composição instantânea e da cabeça aos pés pelos mil olhos destes homens que continuam nas ruas de diversas cidade a olhar, assoviar, a ‘mexer’ com aquelas que passam, mas também fui pega pelo jeito esvoaçante da moça que segue – envergonhada? Intimidada? Envaidecida? Presunçosa? Indiferente? Onde está o olhar de Jinx? – nunca saberemos e por isso e por outros motivos que desconhecemos, olhamos e interrogamos em um jogo interminável, mas, sobretudo, posso dizer que fui captada por esta foto porque ela me fazia olhar para a História. Leia o resto deste post »

No dia 31 de março, apresentei no Atelier de Recherches Linguistiques sur les genres et les sexualités (Ateliê de pesquisas linguísticas sobre os gêneros e as sexualidades), o trabalho “As identidades brasileiras gendradas: propostas teórica em análise do discurso”. O resumo em francês desse trabalho pode ser lido aqui. Neste post vou comentar o que desenvolvi nessa apresentação.

No âmbito da tese que preparo em Análise do discurso, teço análises em torno do que se pode chamar os estereótipos sobre o.a.s brasileiro.a.s. Me interesso pelas produções discursivas produzidas no contexto do turismo, circulando na França ou no Brasil. A proposta, que se baseia na hipótese de que essas produções discursivas (= estereótipo) são processos de identificação gendrados, é uma reflexão sobre as possibilidades de articulação dos estudos de gênero e da teoria do discurso (materialista), para analisar a formulação  e a circulação desses discursos. Trata-se de um trabalho que é fruto de trocas e de uma construção coletiva. Primeiramente, no grupo Mulheres em Discurso/CNPq, UNICAMP. E mais, recentemente, no laboratório Pléiade (Paris 13), do qual faço parte igualmente e onde realizo estágio doutoral, com bolsa CAPES PDSE. Leia o resto deste post »

Transfeminismo e discurso: aproximações possíveis

Publicado: maio 11, 2015 por Beatriz Bagagli em Gênero
Tags:

Ao longo das minhas leituras no transfeminismo e na análise do discurso, pude perceber relações promissoras que podem ser traçadas entre sexo e linguagem. A discussão transfeminista nos aponta especialmente para a importância na forma como o político é textualizado, no que se refere aos sentidos sobre homens, mulheres e as relações de poder que envolvem as relações de gênero. A linguagem e a forma como no discurso os sentidos são disputados, não são de nenhuma forma questões secundárias. São questões centrais na forma como tenho entendido (e participado ativamente) as recentes discussões transfeministas. De forma semelhante faz a análise do discurso em suas especificidades na compreensão do funcionamento linguístico remetido às formações ideológicas.

Me interesso sobretudo na forma como as diferentes formações discursivas que simbolizam o gênero – em especial, os sentidos sobre homens e mulheres, cisgêneros e transgêneros – constroem uma relação de transparência entre sexo e linguagem. Sexo aparecendo de forma transparente entre a coisa designada e o próprio nome: como o discurso teve que funcionar, em suas formas linguísticas, para tanto? Leia o resto deste post »

Foto do acervo do grupo ParÁFRICA

Foto do acervo do grupo ParÁFRICA

Não admitimos as equivocadas análises que fazem de circunstâncias que nos são impostas, tampouco aceitamos limitadas definições do que sejam as mulheres negras. Somente nós mesmas podemos nos definir. Somos as fontes mais genuínas de conhecimento sobre nós; exigimos que estudos que nos tomem por temática tenham como centralidade nossos pontos de vista de mulheres negras.

(Petronilha SILVA, 1998)

Escrevo este post depois da leitura e da troca de comentários sobre um outro, da colega do grupo de pesquisa Mulheres em Discurso-CNPq e amiga Glória, em seu blog Ces mots que voyagent. Pra mim, ser instigada a um debate aberto e público sobre temas que tocam a prática de produção de conhecimento já é para se comemorar em tempos de meritocracia e produtivismo. E sinto que essas trocas contribuem imensamente para minha formulação teórica e tomada de posição política no trabalho acadêmico. Leia o resto deste post »

Leia aqui.

DSC01451
Femmes en discours. Subjectivation, genre, sexualités” foi o título da conferência da professora Monica Zoppi-Fontana na Université de Paris 13, ministrada no dia 12 de fevereiro. A apresentação integrou o seminário de Marie-Anne Paveau, “Nouveaux discours militants. Féminimes contemporains“.

 

DSC01449 Leia o resto deste post »

Virginie Despentes, Angélica Freitas…e minha tese?

Publicado: fevereiro 11, 2015 por Glória França em Feminismo, Gênero, Literatura, Sexualidade

(esta é uma reblogagem de um post feito em meio blog científico Ces mots qui voyagent (Essas palavras que viajam). Texto publicado sob proteção da licença Creative Commons: pode citar, compartilhar, guardando obrigatoriamente a autoria e que seja sem fins lucrativos.


 

Virginie Despentes diz:

eu escrevo do lugar das feias, para as feias, as velhas, as caminhoneiras, as frígidas, as mal comidas, as não comíveis, as histéricas, as taradas, todas as excluídas do grande mercado da mulher boa (1)

Angélica Freitas responde:

porque uma mulher boa

é uma mulher limpa

e se ela é uma mulher limpa

ela é uma mulher boa

 E eu: decidi escrever meu primeiro post fazendo de conta que eu não estou falando de meu tema de tese, sendo que, a gente bem sabe, quando somos doutorando.a.s a gente tem a impressão de que tudo toca em nosso tema de pesquisa.

Visto que minha tese se concentra em torno dos discursos produzidos na França e no Brasil sobre nós, brasileiro.a.s, e que eu estou a todo instante fazendo essa viagem entre a França e o Brasil através dos pesquisadore.a.s de lá e de cá, eu escolhi registrar aqui a descoberta que eu fiz de duas mulheres impressionantes e que, talvez elas não saibam, mas que dialogam, e tem muito inspirado meus pensamentos de doutoranda ao longo desses primeiros meses da minha estada aqui na França.

A primeira, Virginie Despentes e seu livro (e que livro!) que se chama “King Kong Théorie”. “Ele é formidável, esse livro, você tem que lê-lo”, disse minha orientadora, Marie-Anne Paveau, assim que eu cheguei na França, e ela tinha toda a razão. Leia o resto deste post »

Hoje trago para esta mesa um texto incompleto, falho, lacunar. Um texto em processo: um texto. No corpo do meu texto falho, ensaio reflexões e as entrelaço entre textos que teço e alinhavo. Ele é resultado parcial da pesquisa que desenvolvo no meu pós-doutorado na Unicamp com a Prof.a Mónica Zoppi e que se titula “Memória de mulheres quilombolas: uma análise discursiva de entrevistas a mulheres de comunidades quilombolas de áreas rurais do município de Guaraqueçaba” e que tem o auxilio PDJ-CNPQ. O mesmo se desenvolve juntamente com as mulheres da Comunidade quilombola de Batuva no município de Guaraqueçaba no Litoral do Estado do Paraná.
O objetivo que o norteia é : Observar, delimitar e conceitualizar os funcionamentos da memória nos processos de subjetivação e identificação relacionados com a construção de identidades em entrevistas de mulheres de comunidades rurais quilombolas do município de Guaraqueçaba (PR). Para o presente trabalho, propomos, dentro desse objetivo geral, tratar especificamente como a mulher agricultora da comunidade de Batuva se diz e diz sobre o próprio corpo. Como ela significa e se significa nas falas sobre seu corpo na sua relação com sua constituição como mulher de comunidade rural quilombola. Propomo-nos observar os funcionamentos das redes de memória a partir da análise de depoimentos obtidos em entrevistas feitas a mulheres destas comunidades rurais. Para isso, realizamos entrevistas a mulheres que não são famosas nem conhecidas nas mídias ou no espaço público, mas que participam e participaram do cotidiano das práticas da comunidade nas áreas rurais de Guaraqueçaba.

Para ler o texto na íntegra, consulte: ARTIGO A.J. FERRARI